terça-feira, 2 de abril de 2013

Objeto de Aprendizagem


Dentre vários conceitos de Objeto de Aprendizagem, um que aparece com frequência em comunicações científicas considera-o como “qualquer recurso digital que possa ser reutilizado para o suporte ao ensino” (WILEY, 2000, p. 3). Não se trata de nova proposta pedagógica, mas de um recurso de apoio à aprendizagem ou, por vezes, de uma metodologia de aprendizagem para construir conhecimento significativo e os saberes dos jovens. Como objeto digital, esse recurso possui características como: reutilização, flexibilidade, acessibilidade, fragmentação, dinamização, armazenamento de dados e a interoperabilidade.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0E-XXjKRMMxUKPH5jcdWdxJHk31izlWgMh9p-pRm0WczTIkWY_Y5jFUE5TOufca5GSTkFsJgdtjN9QtcCm2NPrIgehF-tRcngph_dwWLVsW_IgzJFuhAYEcp8VpI3BGq0A9JXmLhl-J4/s400/objetos+de+aprendizagem.png

Segundo Moran, “aprendemos pelo prazer, porque gostamos de um assunto, de uma mídia, de uma pessoa. O jogo, o ambiente agradável, o estímulo positivo podem facilitar a aprendizagem” (2000, p. 24). Então, este docente precisa criar um novo perfil, uma nova identidade docente. Ele deve mediar a construção do conhecimento, promover o diálogo entre aluno-aluno e professor-aluno e principalmente ensiná-los a “aprender a aprender”, transformando o espaço escolar num ambiente de aprendizagem agradável, inovador, dinâmico e flexível. “É preciso criar uma atmosfera de confiança mútua, envolver os aprendizes num planejamento em conjunto de métodos e direções curriculares com base no diagnóstico de suas próprias necessidades, encorajá-los a identificar os recursos e estratégias que lhes permitam atingir os objetivos” (MASETTO, 2000, p. 169).
A produção do conhecimento não é linear, abrange várias direções e estabelece múltiplas relações. Da mesma forma, não existe uma receita pronta a ser seguida para desenvolver a aprendizagem. Durante esta produção, tanto alunos quanto docentes vão atuar com acertos e erros, ensinando e aprendendo, visando compreender os labirintos da aprendizagem. A interação no ambiente de aprendizagem depende do diálogo e da importância de valorizar todos os tipos de saberes e também o saber do outro. Assim, além de falar, o professor deve saber escutar os estudantes, integrando as suas ideias e a sua cultura como componentes que apoiam novos saberes.
A curiosidade, despertada pelo docente, faz com que os alunos se sintam motivados para aprender, contrapondo com a motivação baseada por recompensa com notas, com alguma premiação ou castigo. “Nesta perspectiva, entende-se que conhecimentos novos são aprendidos por reconstrução constante daqueles já anteriormente construídos” (MORAES, 2007, p. 23), ou seja, para aprender algo novo precisa-se manipular e interagir com algo já conhecido e transformá-lo, tornando-o mais completo e amplo. Neste processo, o docente auxilia o estudante, que reflete e auto-organiza seu pensamento para o novo conhecimento. Além de orientar o estudante, o docente acaba formando um cidadão capaz de compreender, atuar e melhorar o seu entorno na sociedade.
O Objeto de Aprendizagem é um recurso inovador, capaz de transformar o ambiente escolar. Este é um projeto complexo, e deve ser bem esquematizado, desenvolvido, com o foco e os objetivos definidos, caso contrário será ineficaz. Ele pode inovar a aula e auxiliar no desenvolvimento de diversas capacidades como a habilidade de estabelecer estratégias, de testar hipóteses e o pensamento lógico.
Muitos avanços e resultados positivos apontam benefícios advindos da utilização de recursos tecnológicos na elaboração de recursos didáticos e no planejamento e aplicação de metodologias diferenciadas. Ainda assim, em todos os níveis de ensino, muitos professores se mostram resistentes a integrarem a tecnologia no cotidiano da ação docente. Com os professores de matemática não é diferente. O que muda no ensino quando se vai da sala de aula tradicional para um espaço com computadores, como em um laboratório de informática? Bom, o pensar matemático deve ser mantido, a interdisciplinaridade está mais próxima e também se tem a facilidade de manipular, com softwares gratuitos ou com Objetos de Aprendizagem escolhidos.
Segundo Zorzan, com a tecnologia, a educação matemática tem mais sentido focando no “objetivo de estimular a curiosidade, a imaginação, a comunicação, a construção de diferentes caminhos para a resolução de problemas e o desenvolvimento das capacidades: cognitiva, afetiva, moral e social” (2007, p. 88). Com a tecnologia, “o saber matemático passa a constituir-se pelo mundo imaginário, pelo uso da criatividade, pela experimentação e pela possibilidade de ensaios, hipóteses e erros, deixando de ser uma ciência pronta, acabada e um saber dogmatizado” (ZORZAN, p. 91). Quem sabe, assim, a matemática “deixe de ser possível somente para gênios” e possa ser compreendida pelos estudantes como um conhecimento natural. As tecnologias vêm para auxiliar o professor a atingir esse objetivo pedagógico. Com esta compreensão e sentido, o professor pode ser um mediador fazendo com que o grupo reflita, desenvolvendo o pensamento lógico, e colaborando para a formação jovens críticos e capazes de fazer boas escolhas para a sua vida e para a melhoria dos espaços que integram.
Concluindo, não basta ter conhecimento e recursos didáticos, deve-se ter amor e profissionalismo no que se faz diariamente na educação. Construir, dialogar e utilizar recursos e metodologias variadas, que atendam aos propósitos da aprendizagem, como se pensa propiciar com este Objeto de Aprendizagem, concreto, por enquanto em pensamentos, são atitudes que colaboram para se ter aulas mais dinâmicas e, algumas vezes, mais criativas, mas que devem ser, especialmente, de construção de sentido e significados. A construção, ao invés da pura exposição, amplia o universo de conhecimento não só do aluno, mas também do professor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 MORAES, R. Aprender Ciências: reconstruindo e ampliando saberes. In: GALIAZZI, M.C.; AUTH, M.; MORAES, R.; MANCUSO, R. (Org). Construção curricular em rede na educação em ciências: uma proposta de pesquisa na sala de aula. Ijuí: Unijuí, 2007.
MORAN, J. M.; MASETTO, M. T.; BEHRENS, M. A.
Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. Campinas: Papirus, 2000.

WILEY, D. The instructional use of learning objects.
Disponível em <http://reusability.org/read/>.  Acesso: fev, 2013.
ZORZAN, A. S. L. Ensino-aprendizagem: algumas tendências na educação matemática. Disponível em <http://www.sicoda.fw.uri.br/revistas/artigos/1_7_76.pdf>. 
Acesso: fev, 2013. 

Um comentário:

  1. Parabéns pela criação do OA, eu li sua dissertação de mestrado e o artigo, Número complexo: um objeto de aprendizagem para ensinar e aprender. Estou muito interessado em aprender mais sobre a criação do OA.

    ResponderExcluir