Existem muitos tipos de alunos e
muitos tipos de professores. Cada aluno aprende de uma forma diferente. E o
professor, ele ensina sempre da mesma forma? Será que esta forma de aprender se
modificou nos últimos anos? Num texto anterior, citei a importância do diálogo
e também como os recursos tecnológicos modificaram as estruturas na sala de
aula, ou seja, o aprender se modificou nos últimos anos. Mas, esta forma de
aprender depende da identidade docente, pois cada professor pensa que o aluno
aprende de uma forma distinta. Logo, o professor tem papel fundamental na hora
de decidir o caminho pelo qual suas aulas seguirão.
Para muitos professores o ensino
mais adequado é o ensino bancário, onde o aluno aprende por recepção dos
conteúdos, então as aulas são centradas no professor. Os jovens deverão ficar
em silêncio, prestando atenção na exposição do docente para memorizar e depois
repetir as falas dele. Ainda bem que estes professores estão saindo das
escolas, pois este aprender não é significativo, ele é passageiro. A criança
provavelmente vai se lembrar do conteúdo até o dia da prova, depois o docente
já passa para o próximo conteúdo e não estabelece nenhuma relação e nem sequer
com os conteúdos já estudados. Ou será que o aluno ainda aprende por absorção
de conceitos prontos? Não, e os professores estão vendo isso e modificando sua
forma de ver como o aluno aprende.
Outra forma de aprender dos
estudantes é por aquisição factual, nesta a aula os jovens procurariam descobrir
ou redescobrir conceitos. Esta descoberta seria a partir do seu cotidiano, da
sua vida e iria transformá-los em conceitos científicos. Em outras palavras, o
aluno seria induzido a alguma conclusão, através de observações,
questionamentos e registros. Porém, este é um processo que vem de fora, não vem
do aluno. Esta combinação quando desenvolvida, acaba gerando novas
aprendizagens que partem da indução planejada pelo docente. Este professor que
acredita que o aluno aprende por aquisição factual está num estágio, mais
avançado que o professor que pensa que o aluno aprende por recepção.
A descoberta muitas vezes está
presente na aprendizagem da Matemática, para estimular a descoberta se usa
algumas técnicas como: o teste de hipóteses, manipulação e construção de
tabelas, a busca por padrão e a generalização. Esta descoberta por parte do
aluno vem da vivência dele, ou seja, a descoberta por meio da reconstrução vai
depender muito do estudante, ela também está ligada a pesquisa, pois ao buscar,
eles exercem seu papel de ser ativo na sociedade.
A pesquisa e os desafios abrem
espaços para a descoberta e a ampliação do conhecimento do estudante. Por
exemplo, ao trabalhar o conteúdo de função de 1º grau fosse sugerida a
atividade de construir uma tabela e encontrar o gasto mensal de luz, sabendo
que em cinco meses eles gastaram respectivamente 90 Kwh, 120 Kwh, 75 Kwh, 150
Kwh e 50 Kwh, sabendo que a taxa por Kwh é R$ 0,59.
Os alunos iriam identificar a
variável dependente e independente e com alguns questionamentos pontuais, os
alunos seriam capazes de encontrar a lei da função. Lembrando, da importância
de sempre tratar assunto de conhecimento dos alunos, o assunto pode variar, mas
cabe ao docente saber conduzir a aprendizagem dos estudantes. Logo, a
descoberta é uma estratégia muito boa para a Matemática e pode ser aplicada em
diversas situações, partindo de situações do cotidiano e de conhecimentos já
estabelecidos.
Segundo o autor Moraes, a forma
mais correta dos alunos aprenderem é por construção. Nesta perspectiva, o
professor “trata o conhecimento cotidiano e espontâneo dos alunos como algo em
constante evolução e complexificação” (2007, p. 22), ou seja, não basta transformar
o conhecimento prévio do aluno em conhecimento científico, e sim temos que
expandi-los. Na busca desde conhecimento do aluno, existe a interação entre
alunos e professores, e também, alunos e alunos. Esta interação traz consigo o
diálogo e a importância de valorizar todos os tipos de saberes e também o saber
do outro.
O diálogo pode ter iniciativa do
estudante ou do professor. Segundo a concepção de aprender por construção, ele
é essencial, pois através dele o professor conhece a realidade dos estudantes,
seus saberes, além disto, o docente pode despertar a dúvida e a curiosidade por
parte dos estudantes. Assim, além de falar o professor deve saber escutar os
estudantes e respeitar as suas ideias e a sua cultura. A curiosidade despertada pelo docente faz com
que seus alunos se sintam motivados para aprender, rejeitando assim motivação
baseada na recompensa (dando notas ou alguma premiação) ou no castigo.
“Nesta perspectiva endente-se
que conhecimentos novos são aprendidos por reconstrução constante daqueles já
anteriormente construídos” (MORAES. 2007, p. 23), ou seja, para aprender algo
novo precisamos manipular e interagir com algo já conhecido e transformá-lo,
tornando-o mais complexo e amplo. Neste processo, o docente auxilia o estudante
que reflete e auto organiza seu pensamento para o novo conhecimento, além disto
o docente forma um cidadão capaz de mudar a sociedade.
A ampliação dos antigos
conhecimentos depende do aluno, e neste processo o aluno é um dos sujeitos da
aprendizagem. Assim, tudo que tiver sua iniciativa é de seu gosto, ou seja,
existe uma relação afetiva entre o estudante e o conteúdo. Estes tipos de
aprendizagens “envolvem intensamente os sujeitos, correspondendo a
reconstruções contínuas de aprendizagens anteriores, espaços em que os alunos
necessitam assumir suas próprias autorias” (MORAES. 2007, p. 25). Quando um
estudante assume sua autoria, ele está se colocando sujeito ao erro. Este erro
não é algo negativo no processo de aprendizagem, desde que o estudante esteja
aberto para entender o porquê do erro e construir um novo conhecimento. Segundo
Moraes: “aprender é ir superando erros construtivos” (2007, p. 35).
O aprender Matemática é um campo
muito complexo e que deve ser feito através do aprender por construção, pois
assim os alunos estarão lidando com os conhecimentos e não será algo inútil ou
inatingível para eles. O diálogo e os questionamentos são ótimos meios que
podemos utilizar para que o aluno aprenda, pois podemos instiga-los a
curiosidade e a descoberta por reconstrução, onde o aluno descobre a partir da
sua vida e de seu conhecimento.
Portanto, praticamente todas as
concepções trazidas pelo texto de Moraes estão nas escolas, onde cada professor
pensa de uma forma diferente de como o aluno aprende. No aprender Matemática
não é diferente. O docente deve estar aberto para conhecer seus estudantes e
saber orientá-los, numa perspectiva de ajudá-los a construir novos
conhecimentos através da sua vivência, dos antigos conhecimentos, da interação
na sala de aula e das concepções erradas dos estudantes. Com isto, o professor
vai criar um ambiente que o aluno reflita, se auto organize e reconstrua seu
conhecimentos através destas interações. Moraes resume todo seu texto em uma
única frase e encerro este texto também com ela.
“Aprender é viver.
Viver é aprender” (MORAES. 2007, p. 37)
Referências:
MORAES, R. Aprender
ciências: reconstruindo e ampliando saberes. In: GALIAZZI, M. C., AUTH, M., MORAES, R.
MANCUSO, R. (Org.). Construção
curricular em rede na educação em ciência: uma aposta de pesquisa na sala
de aula. Ijuí: Ed. Unijuí, 2007.
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